Postado em 13 de Novembro de 2020 às 16h33

NOVEMBRO AZUL: sem medo, sem preconceito

Saúde (88)

Uma das primeiras campanhas produzidas no Brasil, em relação a prevenção do câncer de próstata, foi realizada pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, no ano de 2008. 12 anos se passaram, e o Novembro Azul ganhou forças no país, com destaque nos calendários dos brasileiros.  São 30 dias em movimento para conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce da doença, com o intuito de incentivar o autocuidado e lembrar aos homens sobre a relevância da consulta médica. Atualmente no Brasil, o câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais incidente em homens, atrás somente do câncer de pele.  


Para o médico urologista e andrologista, Bruno Von Mühler, o importante da campanha é justamente isso: "O câncer de próstata não vai gerar sintomas em fases iniciais da doença. Fases em que a gente tem altos percentuais de cura, o câncer vai ser assintomático. Para ele se tornar sintomático, começar a gerar queixas, ele tem que estar avançado. Por isso que é tão importante esse acompanhamento, o homem vir ao urologista para fazer o diagnóstico precoce”. 


Em relação a eficácia da campanha, o médico explica que muitos homens vão ao consultório durante o ano por outros motivos, mas esperam o mês de novembro para fazer um check-up. "O homem parece que realmente incorporou a história do Novembro Azul, e isso é importante pois faz com que ele se cuide. A impressão que eu tenho é que no Brasil a campanha realmente emplacou e dá bastante resultados. As agendas dos urologistas são bem mais cheias em novembro", completa.  

Diagnóstico precoce e aumento da chance de cura 

O motivo principal pelo qual se fala tanto em descobrir o câncer na fase inicial é pela taxa de cura, que chega a 90%. "Tem realmente uma taxa altíssima, por isso queremos descobrir essa doença precocemente. Estima-se que em 2020, 16 mil homens vão morrer no Brasil devido ao câncer de próstata, é um número de óbitos bem considerável, tendo em vista que, a maior parte não evolui para isso porque a gente consegue diagnosticar precocemente", esclarece o urologista. 


Mas afinal, em que momento o homem deve iniciar os exames? Conforme o médico, obrigatoriamente, o check-up deve iniciar aos 50 anos. Existem duas exceções à regra, nesses casos, o ideal é a partir dos 45 anos, são elas:  homens negros e o homem cujo parentes de primeiro grau já obtiveram o diagnóstico de câncer de próstata. No que se refere à frequência dos exames, segundo a Sociedade Brasileira, o ideal é anualmente. "Tem um porque científico de vir todo ano, eu acho que é uma recomendação válida, principalmente depois dos 50 anos", defende o médico.  

Exames para diagnóstico

Os exames feitos para obter o diagnóstico são o de toque retal, que permite palpar as partes posterior e lateral da próstata, e o exame de sangue Antígeno Prostático Específico (PSA). No PSA é possível verificar a quantidade de uma proteína produzida pela próstata.
Segundo Dr. Bruno, existem alguns parâmetros para analise do exame de PSA: “Quando eleva acima de 0,75 de um ano para o outro é um fator de risco para o câncer, então a gente reúne alguns dados que mudam anualmente e que podem levar ao diagnóstico precoce”. Para confirmar a doença, é feita uma biópsia, indicada quando se encontram alterações no exame de toque ou no PSA.

Fatores de risco

Os fatores que podem ser citados são: envelhecimento e histórico de câncer na família, além disto, homens negros precisam ficar atentos, pois são propensos ao desenvolvimento da doença de forma mais agressiva.


De acordo com o urologista, o câncer de próstata é um problema do envelhecimento, extremamente raro em homens com menos de 45 anos. “Sempre que a gente se depara com o homem de 40/45 anos com a doença, sabemos que há uma tendência em ser mais grave, porque para o câncer de próstata surgir no homem novo, ele normalmente tem que ter um componente agressivo, uma doença que a gente chama de pouco diferenciada, vindo numa característica totalmente diferente do que um câncer de próstata normal, e aí ela começa se proliferar de maneira muito rápida”.


Neste sentido, os homens com histórico familiar precisam estar atentos. O que se considera fator de risco, de acordo o médico, são familiares de primeiro grau que já tiveram câncer de próstata, de segundo ou terceiro grau não tem relevância em estatística: “A ciência não liga isso como fator de risco, fator de risco mesmo, que aumenta a incidência em até 3x quando é um familiar e até 7x quando são dois, são parentes de primeiro grau, por exemplo: o homem que teve pai e irmão diagnosticados com câncer de próstata, tem até 7x mais chances de desenvolver a doença”, esclarece.

Formas de tratamento  

Os tratamentos variam conforme o grau da doença. No câncer localizado, que está somente na próstata, podem ser utilizados métodos como: cirurgia, radioterapia ou braquiterapia. Quando já existe metástase, formação de uma nova lesão tumoral a partir de outra, o tratamento pode ser com: quimioterapia ou bloqueio hormonal, conhecido como hormonioterapia.


“Quando a gente descobre de maneira precoce, vamos fazer o tratamento no intuito curativo, a gente vai oferecer cirurgia, radioterapia, e neste contexto, a gente objetiva retirar toda a doença”, explica Dr. Bruno. 


A doença em estágio mais avançado, com o nível de PSA alto, tem outra forma de terapia. De acordo o médico, a operação e o tratamento são realizados, mas com perspectiva de que a doença possa retornar mais facilmente. “No caso, quando já chegam com doença a distância, doença no osso, doença em pulmão, ou em outros órgãos, temos somente o tratamento que chamamos de paliativo. Então vamos tratar para melhorar o tempo e a qualidade de vida, mas a gente não objetiva mais curar esse câncer, sabemos que esse paciente, em algum momento vai falecer devido a doença”, conclui. 

Preconceito 

Existe um estigma social quanto ao câncer de próstata e o exame de toque retal. Segundo o urologista, todo homem tem um drama relacionado ao toque retal: “parece que é uma coisa de outro mundo, quando é muito simples, mas tem toda uma carga social, sexual, tem o preconceito, que faz com que os homens fiquem apreensivos”.

Ainda conforme o médico, o Novembro Azul tem um peso grande para descontruir esse preconceito. “Dificilmente hoje nós temos pacientes no consultório que não aceitam fazer o exame do toque, melhorou muito”.

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