Postado em 21 de Maio de 2018 às 12h28

      O que é perdoar?

      Dicas (70)
      Por Ieda Dreger Psicóloga | Especialista em Psicoterapia de família e casal |             Ao se falar em perdão, é comum nos remetermos quase de imediato a uma leitura religiosa, ou seja, o perdão sendo visto como unilateral, entendido como algo que doamos a alguém, um ato de desprendimento, generosidade…

      Por Ieda Dreger

      Psicóloga | Especialista em Psicoterapia de família e casal |

                  Ao se falar em perdão, é comum nos remetermos quase de imediato a uma leitura religiosa, ou seja, o perdão sendo visto como unilateral, entendido como algo que doamos a alguém, um ato de desprendimento, generosidade e bondade com o outro, mas é mais do que isso…

                  Quando estamos magoados e feridos, os sentimentos mais presentes são a tristeza, a decepção e a raiva. Neste momento é difícil se pensar em perdão. Primeiramente há o momento de viver a própria dor, senti-la para depois resolve-la. Muitos tentam pular essa fase inevitável e como consequência apenas prorrogam seu próprio sofrimento.

                  A raiva é o mais primário dos sentimentos, pois é gerada pela frustração e pelo sentimento de impotência. Dela nasce o desejo de vingança como uma tentativa de diminuir a própria dor, mas a vingança é um sentimento traiçoeiro, pois se alia a seu “adversário” no momento em que sua vida passa a ser apenas um instrumento com o objetivo de atingir ou prejudicar aquele que lhe feriu. Facilmente a vingança torna-se seu senhor e você seu escravo. Trata-se de um ciclo vicioso e aparentemente sem fim.

                  Também não podemos esquecer que algumas pessoas são muito mais suscetíveis a mágoas e melindres que outras, possuem limiares diferentes, variando de acordo com sua personalidade, capacidade de percepção, capacidade de tolerar frustrações, entendimento de mundo, sensibilidade, ou seja, de acordo com sua saúde emocional. Uma mesma vivência é sentida, percebida e compreendida de forma diferente até mesmo entre irmãos, que supostamente foram criados sob as mesmas variáveis, o que dirá entre pessoas que possuem “crivos” diferentes.

      Desde o nascimento, somos seres carentes de relacionamentos, o ser humano precisa se relacionar para se desenvolver emocionalmente. A família é o berço do desenvolvimento emocional, costumo dizer que é nosso útero social, pois é através dela que recebemos essa carga de crenças, entendimentos e leituras sobre o mundo. Nossas relações passam pelo crivo dessas crenças, pela forma de entender o mundo que nos cerca e de nos perceber enquanto pessoas, nossos direitos e responsabilidades.

                  Estamos sempre construindo e reconstruindo nossas ideias, num ciclo dinâmico, que pode ser saudável ou não. É claro que essas crenças trazem todos os preconceitos e dificuldades relacionais de nossos ancestrais, afinal ninguém pode dar aquilo que não tem.

                  Cabe a nós em nossa jornada acessar nossas fontes de saúde que são nossa criatividade e espontaneidade. Elas nos ajudarão a tentar o novo, a perdoar, a reconstruir, a olhar de outra forma a mesma questão, e a nos fortalecer, nos impulsionando para novos movimentos e experiências.

                  Relacionar-se é fácil quando encontramos pessoas que pensam e percebem o mundo como nós, ou seja se utilizam do mesmo foco para avaliar os acontecimentos, mas a grande questão é quando nos deparamos com pessoas que possuem outros parâmetros e valores, neste caso, para que a relação seja possível, é necessária uma carga a mais de respeito ao outro, as suas ideias e ao seu ponto de vista e obviamente, de respeito pessoal.

                  Num processo psicoterapêutico nossa leitura é feita a partir de um entendimento relacional, como sabemos, toda ação gera uma reação. Quando tomamos consciência de nossa parcela de responsabilidade naquilo que nos acomete, temos a possibilidade de nos tornarmos senhores de nossas vidas, mais autênticos e não mais escravos, cegos e perdidos diante dos acontecimentos. Não nos tornamos vítimas nem tão pouco vilões, apenas humanos conscientes dos reflexos de nossas atitudes. A raiva não é negada ou sublimada ela é canalizada para movimentos positivos que podem trazer crescimento e desenvolvimento pessoal, ela é transformada em energia positiva provedora de mudança e transformação.

                  Então, o que é perdoar? Perdoar é realmente um ato de amor mas, não apenas amor ao outro, mas também, amor a si próprio. É assumir a responsabilidade sobre os próprios atos e desejos, é perceber-se na dimensão do humano e como tal entender a sua significância. Perdoar é amadurecer emocionalmente é aprender que somos falíveis e imperfeitos, tal qual o outro com quem nos relacionamos e essa é a genialidade do ser humano. Não existem os certos e os errados, existe o olhar a partir de um ponto de vista e cada um tem o seu, portanto não existe A verdade, existem verdades a partir de realidades diferentes. O parâmetro é o respeito, o sentimento de cidadania, a ética e o amor.

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