Durante o sono nosso metabolismo desacelera para nos proporcionar descanso. O mesmo efeito acontece com o coração, quando o sistema nervoso auxilia no relaxamento do músculo cardíaco. Com isso, os batimentos ficam mais lentos, provocando uma queda temporária nos níveis da pressão arterial. Quando nos privamos desse momento ou dormimos mal, impedimos que o coração repouse e as consequências disso não são nada boas para a saúde.
A má qualidade do sono pode agravar ou aumentar o risco de doenças cardiovasculares. O cardiologista Mateus Rossato explicou para a Revista EKOSAÚDE, edição 09 de 2020, que o perigo para o coração surge porque se não dormirmos, o órgão “não irá passar pelo processo de diminuição noturna da sua atividade, sobrecarregando o processo fisiológico”. Pular esse estado necessário de repouso pode causar o aumento de descargas adrenérgicas, ou seja, as descargas de adrenalina. Um exemplo é o aumento da adrenalina circulante no sangue. Isso faz “com que a frequência cardíaca e a pressão arterial aumentem, ocasionando um maior consumo de energia e oxigênio pelo coração e limitando o tempo de ‘descanso’ deste órgão”, esclarece o cardiologista.
Um dos principais distúrbios que comprometem noites tranquilas é a apneia obstrutiva do sono. Ela faz com que a pessoa passe por períodos de falta de oxigênio e tenha microdespertares noturnos. O impacto no coração é preocupante: a mudança anormal da pressão. O crescimento da população obesa e com sobrepeso nas duas últimas décadas – fatores considerados agravantes para distúrbios do sono – é apontado como um dos elementos para o aumento dos casos de apneia obstrutiva. É o que cita o Primeiro Posicionamento Brasileiro sobre o Impacto dos Distúrbios de Sono nas Doenças Cardiovasculares da Sociedade Brasileira de Cardiologia, publicado no ano passado. De acordo com a publicação, 60% dos pacientes diagnosticados com a apneia apresentam algum tipo de arritmia cardíaca.
O médico Mateus afirma ainda que a apneia do sono pode ocasionar até mesmo problemas como o infarto. Essa síndrome “tem se mostrado uma doença bastante presente na população mundial, que cada vez tem mais horários de sono variados e hábitos de vida.